Wednesday, July 31, 2013

Português 2 - Porque virei São Paulino

Pois é, virei pó de arroz.  Quem diria.  Mas assumo.  Eu sou são paulino.  Que melhor época de afirmar minha morumbice quando o São Paulo passa por uma das suas piores fases.  Assim, ninguém diz que sou São Paulino para não ser perdedor.

Engraçado chegar a essa realização depois de tão longa data.  Afinal, não cresci São Paulino.  Torcia para o Guarani...o de Campinas... o Bugre... o dos brincos da princesa... para satisfazer todos os estereótipos dos campineiros.  Mas não sou de Campinas...mal conheço...acho que fui três vezes... uma quando tinha dez anos e as outras vezes a Viracopos (aliás, que nome interessante para um aeroporto... provavelmente pelas longas esperas e só nos resta virar os copos... de cerveja).  Nasci no estado de São Paulo, na cidade de São Paulo, a duas quadra da Avenida Paulista.   Guarani? Qual o nexo?

Para entender isso, tenho que contextualizar a minha vida.  Filho de americano com carioca, neto de Argentino católico e Polones Judeu e, neto também, de Protestante americano com Judeu Austriáco, isso sem contar o bisavô Escocês e o tataravô Italiano (misturado com Grego).  Além da nações unidas sanguineas, uma salada religiosa (só para apimentar a salada, o avô protestante era ateu), e um recombole político (capitalista, socialistas, democratas, republicanos, comunistas...pelo menos não tinham fascistas...).

Meus pais, confusos com a religiosidade, me colocam em colégio católico sem ser batizado.  Vivi minha fase agnóstica.  Quando tinha aula de religião, as freiras repetiam... Quem não é batizado não é filho de Deus... eu levantava minha mão indignado...E eu? Eu não sou filho de Deus? A freira me olhava... olhava para o teto...olhava para a janela... olhava para o relógio... Bom... vc...ah... bom... vc é sim... mas não exatamente... mas... opa, Recreio! E saia pela porta rapidinho... 

Pois então o que eu era...era o que todo mundo não era.  Sem tradição futebolistica na família... apelei para o sentimento agnóstico.. vou ser algo sem ser nada... e assim virei Bugrino.  Mas o Bugre da época de ouro, com Renato, Careca e Zenon.  Capitão, Mauro, Gomes e o grande Neneca no gol.  Ate assisti um jogo de Guarani e Ponte Preta no Pacaembú!  (Campo neutro).  E assim foi por muitos anos.  

Aí mudei para o exterior.  E cada vez a indefinição se foi defnindo.  Brasileiro? Sei lá.  Quem sabe.  Definir o indefinido não cabe a mim.  Agora, Paulistano Zona Sul... até o úlitmo folego... não tenho como negar.  .. mulher Mexicana... filhos Nova Iorquinos... mas sempre... a paulistanidade ....injetado em cada célula do corpo, em cada descarga do neuronio, em cada copo de uisque, no fundo do poço e nas estrelas.  Paulistano. Até a puta que pariu.  

Mas poderia ter sido corintiano ou palmeirense.  Nahh...Estava sempre do meu lado,  aí, me esperando, sem que eu notasse.  Na zona sul, ao lado do colégio que estudei, onde vi por primeira vez Queen e Supertramp.  O Cicero Pompeu... me olhando... sorrindo...deixa ele ser bugrino, diz ele... deixa ele ir ao exterior...vai se achar... e vai descobrir que a resposta estava do teu lado o tempo inteiro.  E assim estou... São Paulino...De São Paulo, tenho o nome, que ostento dignamente...Posso não ser filho de Deus... mas São Paulino agora sou.

É porisso que bebo.

KC




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